Automóvel: contra terceiros vs danos próprios: entenda as diferenças

Quando se trata de seguro automóvel em Portugal, um dos primeiros dilemas que os condutores enfrentam é escolher entre a cobertura “contra terceiros” e a cobertura de “danos próprios”. Embora ambas visem proteger o proprietário do veículo, as suas abrangências e custos são significativamente diferentes. Compreender estas distinções é crucial para tomar uma decisão informada que se alinhe com as suas necessidades e orçamento.

Seguro Contra Terceiros (Responsabilidade Civil Obrigatória)

O seguro contra terceiros, formalmente conhecido como seguro de responsabilidade civil obrigatória, é a cobertura mínima exigida por lei em Portugal. O seu principal objetivo é proteger terceiros que possam ser prejudicados por um acidente causado pelo segurado.

  • Cobertura: Este tipo de seguro cobre os danos materiais e corporais causados a outras pessoas (terceiros) e aos seus bens. Por exemplo, se causar um acidente, o seguro contra terceiros pagará os custos de reparação do veículo do outro condutor e as despesas médicas de qualquer pessoa ferida.
  • Limitações: É fundamental compreender que o seguro contra terceiros não cobre os danos sofridos pelo seu próprio veículo nem os seus próprios ferimentos, caso seja o culpado do acidente. Se o seu carro ficar danificado, terá de arcar com os custos de reparação do seu próprio bolso.
  • Custo: Geralmente, é a opção mais económica, uma vez que oferece a cobertura mais básica. É uma escolha comum para veículos mais antigos, com menor valor comercial, ou para condutores que procuram apenas cumprir a obrigatoriedade legal.

Seguro de Danos Próprios (Seguro de Cobertura Total/Completa)

O seguro de danos próprios, frequentemente referido como “seguro contra todos os riscos” ou “seguro de cobertura total”, oferece uma proteção muito mais abrangente do que o seguro contra terceiros. Para além de cobrir os danos a terceiros, este seguro protege também o seu próprio veículo e, em alguns casos, o próprio condutor, independentemente de quem seja o culpado pelo acidente.

  • Cobertura: As coberturas exatas podem variar entre seguradoras, mas um seguro de danos próprios pode incluir:
    • Colisão, Capotamento e Choque: Cobre os danos no seu próprio veículo resultantes de um acidente, mesmo que a culpa seja sua.
    • Incêndio, Raio e Explosão: Protege contra danos causados por estes eventos.
    • Fenómenos da Natureza: Inclui danos provocados por tempestades, inundações, granizo, etc.
    • Atos de Vandalismo: Cobre danos causados intencionalmente por terceiros.
    • Roubo ou Furto: Indemniza em caso de roubo ou furto do veículo.
    • Quebra Isolada de Vidros: Cobre a reparação ou substituição de vidros.
    • Assistência em Viagem: Pode incluir reboque e outros serviços de assistência.
    • Proteção Jurídica: Apoio em processos legais relacionados com acidentes.
    • Acidentes Pessoais do Condutor: Indemnização por ferimentos ou morte do próprio condutor em caso de acidente.
  • Limitações (Franquias): Muitos seguros de danos próprios incluem uma “franquia”. A franquia é um valor fixo ou percentagem do prejuízo que fica a cargo do segurado em caso de sinistro. Por exemplo, se tiver uma franquia de 200€ e o dano no seu veículo for de 500€, a seguradora pagará 300€ e você os restantes 200€. Uma franquia mais alta geralmente resulta num prémio de seguro mais baixo.
  • Custo: O seguro de danos próprios é significativamente mais caro do que o seguro contra terceiros devido à sua vasta abrangência. É geralmente recomendado para veículos novos ou com elevado valor comercial, onde os custos de reparação ou substituição seriam proibitivos.

Qual escolher?

A escolha entre seguro contra terceiros e danos próprios depende de vários fatores:

  • Valor do Veículo: Para carros novos ou de alto valor, o seguro de danos próprios é quase sempre a melhor opção para proteger o investimento. Para veículos mais antigos e com valor comercial baixo, o seguro contra terceiros pode ser suficiente.
  • Orçamento: O custo do prémio anual é um fator importante. Avalie se pode suportar o custo de um seguro mais completo.
  • Risco e Estilo de Condução: Condutores que se consideram mais cautelosos podem optar por uma cobertura mais básica, enquanto outros que antecipam maiores riscos (por exemplo, estacionamento em locais movimentados) podem preferir a segurança de danos próprios.
  • Capacidade Financeira para Assumir Riscos: Pergunte a si mesmo: consegue pagar as reparações do seu próprio carro se for o culpado de um acidente grave? Se a resposta for não, um seguro de danos próprios é fundamental.

Em resumo, enquanto o seguro contra terceiros é uma proteção legal mínima para os outros, o seguro de danos próprios é uma proteção abrangente para si e para o seu próprio veículo. Analise cuidadosamente a sua situação pessoal para fazer a escolha mais adequada.

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